Behind blue eyes.

Depois de ler uma certa coisa, preciso mesmo de partilhar isto com vocês, visto que ninguém se costuma interessar por aquilo que tenho para contar. Quando olham para mim, talvez vêm uma pessoa fria, arrogante, antipática e tudo o que a isso se associa. É verdade, por vezes consigo-o ser, mas quando se eleva a verdadeira Rita, não é nada disso que encontram: encontram sim uma pessoa razoavelmente simpática, amiga, e, sobretudo pouco confiante em si mesma. Talvez pouca gente se aperceba de tal, mas debaixo desta máscara existe uma pessoa que, na verdade, só precisa de atenção e que lhe dêem a devida importância. É fácil tirarem-me esta máscara, pois basta terem uma conversa séria comigo, em que sejam vocês próprios que eu sou capaz de dizer tudo o que me deixa mal no mundo e assim sim, essa é a verdadeira Rita.

Mas vou deixar-me de devaneios. Um certo dia de chuva, fui casa de urbanas depois de mais uma ida à Alliance Française, entrei numa das urbanas, na 2, habitualmente frequentada por pessoas mais idosas pelas quais sinto um enorme respeito, mas, nesse dia, estavam lá apenas duas senhoras. Sentei-me num dos lugares vazios da frente, disse "boa tarde", como faço sempre e sentei-me. Fiquei na minha, com os phones postos, mas de logo comecei a ouvir guinchos ao mesmo tempo que ouvia a chuva a bater nos vidros por trás de mim e ao mesmo tempo que a urbana balançava nas curvas. Para não dar nas vistas, baixei o volume e tentei ouvir a conversa. "São uns mal-educados! Já não se fazem cidadãos formados agora! No meu tempo, os novos ajudavam os velhos e vice-versa! Agora só o que vejo é gente mal educada, sem formação cívica! São uns incultos". Bem, até aí nada de mal, nem sabia que aquela conversa toda se direccionava à minha pessoa. Por um lado até concordava com a senhora, visto que tem razão naquilo que diz, mas nem todos os jovens são assim. Passando à frente, a senhora só sabia lamentar-se e, pela cara do motorista, aqueles devaneios já eram habituais. Nunca me tinha cruzado com nenhuma delas e, para ser sincera, não as conhecia de lado nenhum. 

Olhei em frente e vi a urbana parar e a porta abrir. Entrou então um senhor de rosto carregado, ar de pobre e de poucos amigos. Reparei de imediato na sua mão que tremia a segurar no cajado. À minha volta haviam muitíssimos lugares vazios, mas, para mostrar à senhora que estava errada no que dizia, levantei-me e disse: "dou-lhe o lugar se quiser". Acenou. Deduzi que não era necessário, pois haviam lugares desocupados para onde direccionei o senhor. Olhei de volta para a senhora resmungona e quando dei por ela, estava a olhar para o vidro. Não tinha visto nada do que eu tinha feito, nem deu por nada do que tinha acabado de acontecer. Como viu que permaneci no mesmo lugar, achou que eu não tinha ido ajudar o homem e voltou a repetir: "é o que eu digo! Só se formam mal-educados! Nem foi capaz de dar o lugar ao senhor!". A colega dela permaneceu ali serena, nem disse nada. Decerto achavam que eu não estava ouvir. Pois eu levantei-me e disse-lhe: "olhe, antes de começar a mandar essas bocas foleiras vindas de alguém que, pelos vistos, parece ser bem mais mal-educada do que qualquer outro jovem, olhe à sua volta e veja que nem tudo o que parece é. Antes de abrir a boca, é melhor pensar no que vai dizer". Pedi que o motorista parasse e saí da urbana ainda longe de casa. 

Não quis saber, andei muito mais mas fiquei de consciência limpa! Não quis saber se lhe agradou ou não. Não gosto que as pessoas se metam nas conversas que não são com ela e muito menos falem do que não sabem. Se fui mal educada com ela ou não, não me interessa. Nunca gostei que interpretassem mal certas acções e não gosto que julguem as pessoas desta maneira. Não me consegui calar, mas também não me arrependo disso.

35 comentários:

  1. Houve um dia que uma senhora qualquer à minha frente aleijou-se no pé. Era um dia de chuva. Ofereci-me para a ajudar, perguntei-lhe se queria que lhe chamasse alguém ou que fosse com ela ao posto médico. O raio da mulher pensou que estava a gozar com ela, ameaçou-me. Eu mandei-a para o car***. Foi um daqueles dias em que me senti calmo e feliz por ter sido de extremos!

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  2. adorei de facto o teu gesto :) foi muito nobre da tua parte.

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  3. Tu és muito como eu, há coisas que sim, admito que não são as mais correctas, mas isso não tem só a ver com a nova geração, mas sim com a educação que nos foi dada também. As pessoas são fruto daquilo que vêm e vivem, por isso, muitas das vezes os culpados são as outras gerações que não souberam como fazer as coisas.
    O pior, não é andaram só a resmungar sobre coisas que nem sabem, é virem em horas que os autocarros andam cheios, a ocupar lugares, só para estarem na porra do cemitério às 8 da manhã ou para irem para os cafés, quando são reformados e têm o dia todo. Irrita-me profundamente isso.

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  4. Já apanhei algumas dessas aqui em Lisboa...=) é o pão nosso de cada dia. =)

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  5. Sabes o que é isso? Falta de vida própria e tristeza por não terem aproveitado tanto quanto nós (:

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  6. eu não era capaz de fazer o mesmo que tu, calo-me sempre :x

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  7. espero que ao menos seja boa pessoa xD

    ps: gostei da tua atitude (: nada melhor que a sinceridade, eu acho!

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  8. Acho que fizes-te muito bem! As pessoas mais velhas tao sempre a dizer que os jovens sao uns mal educados, mas as vezes essas pessoas ainda sao piores! E eu odeio que as pessoas formem uma opiniao sem nem ao menos conhecer a pessoa, isso irrita-me constantemente. As pessoas nao sao todas iguais, os jovens nao sao todos iguais! :/

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  9. é uma atitude de louvar, também não tenho feito para ficar calada... *.*

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  10. eu não, não me consigo controlar, feitio...
    e às vezes corre mal

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  11. É ASSIM MESMO, SAI A MANA! A velha é que é feita de cocózinho de pombo.

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  12. Uma pessoa que me chamava de "melhor amiga" fez-me a vida negra durante quase um ano lectivo inteiro. Pediu desculpa, eu deii uma segunda oportunidade. Claro que a relação não foi logo exactamente igual, mas pronto, desculpei-a. Há uns meses para cá resolveu juntar-se às falsitas lá do sítio e desde então que com elas é de uma maneira comigo é de outra, atazanando-me o juízo sempre que pode mas claro, sempre pela calada de forma a não dar nas vistas. Deve pensar que nasci ontem -.-'

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  13. Pessoas que enfim, nem há adjectivos para as caracterizar

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  14. Eu simplesmente adoro os teus post querida :)

    Já tenho moche :D

    bjoo*

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  15. está bem, querida (: eu agradeço xb

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  16. Adorei!! Tanto a primeira parte (*.*) como a segunda (muy bien :P)

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  17. entao agora és tu que não tem?ahaha

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  18. Gosto tanto do teu blog, juro ! Estou a seguir-te :) beijinhos*

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  19. Obrigada ainda bem que gostaste! *-*

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  20. Mas o mais incrivel, é que elas ainda apareciam grávidas, é fantástico! :o

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  21. somos tão parecidas na maneira de ser, ritinha, deve ser no nome. tirando a parte de teres tido coragem para dizer isso e eu não, decerto. és linda ♥

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  22. eu dantes também não gostava muito, mas agora já me é um pouco indiferente :) dizem que tenho um gosto péssimo para nomes.. em relação ao intermédio, recebi-o na terça-feira e não está tão mal como pensei!

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  23. se te referes ao vídeo, sim :) É o Edge <3

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  24. 82%.. fonseca :) e o teu?

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  25. e eu gostava tanto que tu viesses :/

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  26. assim é que é! grande rapariga, admiro-te mesmo. és linda por dentro e por fora, és das pessoas mais simpáticas e mais amigas que conheço, e quem diz o contrário é porque não conhece nem um bocadinho de ti. ♥

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  27. valente rita, gostei muito fofinha *
    e deixa lá isso, que eu também detesto esse tipo de pessoas, e ando farta (mesmo farta!) de tudo isto :)

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obrigada! volta sempre. cheers*